sexta-feira, 30 de novembro de 2007

VISÃO PERIFÉRICA

Sem sombra de dúvida, a mais crucial e irrefutável diferença entre nós vacas e nossos companheiros de rebanho reside naquilo que usualmente costumamos chamar de visão periférica, assim entendido, aquela capacidade que a maioria dos seres pensantes têm de enxergar um pouco além daquilo do que simplesmente se encontra postado a nossa frente, ou seja, tudo aquilo que acontece concomitantemente também ao nosso redor. Subjetivamente: Tudo aquilo que acontece nas “entrelinhas” da vida bovina!

Toda a vaca assim considerada “normal”, certamente possui essa visão periférica, para quase todos os tipos de situações específicas da vida.

Já nossos adoráveis companheiros de rebanho a possuem, é claro, mas de forma bem mais limitada e singular. A visão periférica masculina geralmente se encontra alijada a motivos específicos de ordem sexual e técnica, e... é SÓ! Mais do que isso, é pedir ou esperar demais, bois simplesmente não detêm visão periférica além de suas limitações genéticas. Questão de DNA. E fim.

Na realidade, ao longo de minha co-existência com bois, vislumbro apenas dois exemplos na prática, onde a visão periférica masculina funciona excepcionalmente bem:

1 – A visão periférica e a postura dos bovinos em um bar ou em qualquer lugar público do gênero:

Nesse tipo peculiar de situação corriqueira da vida, a visão periférica dos bovinos se mostra mais do que acirrada, por conta de sua questão sexual particular e específica. Ou seja: a visão periférica bovina masculina, ali funciona como um radar de última geração, capaz de em fração de segundos detectar os melhores peitos e bundas das vacas freqüentadoras do lugar, mesmo quando diante da vaca de suas vidas, ou daquelas que assim elegeram como tal. E nessa questão, se iludir é pura perda de tempo. Eles olham para todas as vacas transeuntes sim, e invariavelmente traçam comparações. Certamente os bovinos mais educados e da quase extinta espécie “cavalheiros” são por certo mais discretos na questão, mas que igualmente olham, ah, isso eles olham mesmo, e trata-se de um fato inconteste.

2- Visão periférica bovina masculina de cunho técnico:

Já para questões de natureza técnica, vislumbra-se também que a visão periférica bovina masculina funcione de forma quase que infalível. Noções quase que exatas de distâncias mínimas, altura, largura, pesos e medidas de um modo geral, são conceitos abstratos que a quase grande maioria dos bovinos detém como que por osmose. E, nisso, eles inegavelmente se mostram superiores às vacas. Não é à toa, que foram os próprios bois que inventaram aquela absurda regra do futebol chamada impedimento, e que poucas vacas conseguem compreender, justamente por envolver conceitos de distâncias...

Sou levada a crer que tamanha “cancha” nessa área específica (noções quase que exatas de tamanho, cumprimento, largura), talvez advenha do exercício bovino masculino diuturno de medir o próprio “pinto”, desde que tomam consciência de que o tal membro adicional de sua anatomia, possui mais do que uma função específica.

Agora, para todo o resto, a visão periférica bovina masculina se mostra, restrita, inócua ou quase inexistente. E exigir-se o contrário, parece querer demais.

Um boi comum simplesmente não consegue enxergar nada mais além do que um palmo diante de seu nariz, em especial para aquelas questões de ordem estritamente pessoal, que por certo prescindem e necessitam de uma maior abstração.

Bois não se prestam a elocubrar ou intelectualizar como nós vacas, situações pueris, simples e até cotidianas. Ou seja: Ao longo de quase mais de cem mil anos de co-existência humana/bovina na terra, nenhum boi que se preze, possui ainda a honrada capacidade de sublimar sua questão sexual, em situações do tipo “delicadas”, a capacidade de lembrar de detalhes específicos de determinada coisa ou assunto que tenha se passado em um curto espaço de tempo, e de enxergar realidades ao redor sempre constatadas a olho-nú por nós vacas.

Permanecem assim, os bois interagindo com suas vacas, de forma quase que impensável, guindados pelo mero instinto, sendo talvez essas as possíveis e determinantes causas de nossos usuais e rotineiros problemas de relacionamento.

Contrariamente aos bois, nós vacas permaneceremos sempre atentas, como um cão pastor, aos detalhes da periferia circundante do rebanho próprio. As atitudes provocativas de determinadas colegas do rebanho, das ex-vacas do boi, de sogras, colegas, amigos e afins.

Azar dos bois! Pois também no mundo da visão periférica, o pior cego, continua sendo aquele que não quer apreender ou não sabe como enxergar!

11 Comentários:

Blogger Fábio disse...

DM,
com todo o respeito, as vacas que querem bois "cavalheiros" são tão raras quanto os próprios. Eu fico meio puto com isso porque essa é uma pseudo-cobrança constante das vacas.
Agora, no demais, assino embaixo.
Abraço

30 de novembro de 2007 às 14:23  
Blogger Ana Paula disse...

Querida amiga... Concordo em parte. Homens são incapazes de procurar coisas. E de achá-las também... Mas eu conheço homens com muito mais visão periférica pra vida do que muitas mulheres...

30 de novembro de 2007 às 14:45  
Blogger Bridget Jones disse...

Acho que tenho que concordar com a Ana Paula. Eu conheço uns meninos que até tem visão periférica aguçada.

Mas no geral, são todos meio doidos. Ou será que só os doidos que se interessam pela minha pessoa?

Em todo caso, eu discordo do fabio. Mulheres querem homens cavalheiros sim. E se não forem doidos, melhor ainda!

30 de novembro de 2007 às 16:31  
Anonymous Anônimo disse...

Eu invocada essa teoria feminista de que todo o homem é igual. Generalizar não é o caminho. Há coisas ditas "absurdas" pelas mulheres onde a mesmas o fazem. Como comentar a transa com as amigas (e coitado do cara se não foi bem) ou olhar os homens ao lado de seu "homem". Generalizar nunca é inteligente. Somos práticos e só.

30 de novembro de 2007 às 16:50  
Anonymous Anônimo disse...

DM, se minha vaquinha tem visão periférica aguçada, pra que me esforçar pra ter uma melhor? Tenho que mantê-la e estar mesmo disposto a utilizar tal recurso dela, se fossemos iguais, haveria o que mais?

Por outro lado, estes dois pontos, em certo momento, me pareceram não diferentes, mais iguais:

1 - "..detectar os melhores peitos e bundas das vacas freqüentadoras..."

2 - "Noções quase que exatas de distâncias mínimas, altura, largura, pesos e medidas de um modo geral"

Me pareceram tratar do mesmo assunto...

30 de novembro de 2007 às 18:04  
Blogger Lyn Monroe disse...

Adorei! rs
a melhor parte foi sobre o exercicio masculinho de medir o próprio pinto! rs
otima sacada!
beijos!

30 de novembro de 2007 às 21:22  
Blogger Ricardo Rayol disse...

cientificamente falando impecável.

1 de dezembro de 2007 às 00:23  
Blogger Logan Araujo disse...

Postei uma considerações sobre seu post lá no blog, ficou muito longo pra deixar aqui como comentário.

2 de dezembro de 2007 às 16:13  
Blogger Blog da Mélica disse...

Definitivamente somos de planetas diferentes.. mas como se diz: os opostos se atraem!!
Adorei o post.. sempre ótimo debate por aqui!;)
Beijos.. tenham uma ótima semana!!

2 de dezembro de 2007 às 16:53  
Anonymous Anônimo disse...

DM uma vez eu falei da visão períferica em um post meu - acho até que o título era esse (faz tanto tempo!!).
Mas cara veja bem...resumindo o lance é o seguinte: é cientificamente provado que enquanto eles olham a bunda, nós olhamos as bundas.
E ponto.
Tchau
Fui

3 de dezembro de 2007 às 17:35  
Blogger Enio Luiz Vedovello disse...

Achei muito legal o texto, e sua teoria não deixa de ser válida. Mas a minha teoria é um pouco mais pragmática. Acho que estas diferenças que você citou (e que eu concordo que existam) foram causadas pelo fato de, na pré-história, os bois sairem para caçar enquanto as vacas ficavam na aldeia, cuidando dos bezerros. Assim, cada um desenvolveu as qualidades que mais lhe fossem necessárias: aos bois, o senso de orientação (precisava voltar para a aldeia) e a capacidade de avaliação (não adiantaria uma caça que não pudesse ser carregada, ou que não fosse suficiente para alimentar o rebanho). Já as vacas precisariam de melhor distinção de cores (para escolher frutos maduros, nem verdes e nem podres) e percepção total do ambiente à sua volta (para perceber qualquer perigo potencial aos seus bezerros antes que fosse tarde demais).
Que venham as pedradas...

4 de dezembro de 2007 às 11:31  

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