quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

ASSÉDIO BOVINO FEMININO

Nessa minha mais recente incursão ao necessário e providencial mundo do ócio (e porque não dizer da eventual boemia) me permiti observar, com tempo e calma para tal, toda a sorte de comportamentos bovinos femininos e masculinos tidos agora como contemporâneos ou atuais, obrando por constatar que as vacas na sua grande maioria estão de fato mudando,em seus modos e maneiras de se apresentarem ... Melhor dizendo: De se oferecerem na atualidade ao sexo oposto. E, constatei: Lamentavelmente elas estão mudando e para pior!

Para melhor compreensão do rebanho leitor, vou aqui traçar um breve relato de determinada situação específica, que vivenciei dentre outras tantas, e que me conduziram a esta indubitável conclusão.

LOCAL: almoço/feijoada no Bar da Brahma no centrão de São Paulo - Capital, em um sábado qualquer de ode ao ócio.
PARTÍCIPES DO EVENTO:
essa “vaca-mor”, seu boi oficial de plantão, além de nosso tenro novilho de 8 anos, é claro! (Não tínhamos com quem deixar o bezerro. Aliás se o programa, não for literalmente proibido para menores de 18 anos, o carregamos sempre...).
CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE: popularíssimo e diversificado. Tipo boteco animado, freqüentado por muitos bois e vacas de todas as tribos, em sua grande maioria singles. Boiada extremamente animada e descontraída, por conta dos prenúncios carnavalescos, agora em voga. Havia no local música ao vivo, estratégica banda entoando sambas e chorinhos, que em momento posterior, foi surpreendentemente substituída, pela adorável, apresentação da bateria “minimializada” da escola de samba paulista Rosas de Ouro, com direito até a show, protagonizado por duas vacas-mulatas saradézimas, certamente passistas da citada escola.

Pois bem. Antes do boteco em questão, literalmente vir abaixo e se transformar em um nítido baile de carnaval, postamo-nos educadamente em uma mesa localizada em seu andar superior, a fim de degustar a citada feijoada carnavalesca. Na mesa à nossa frente, se encontravam duas vacas sozinhas, com propósitos mais do que evidentes de quererem se casar no bar. Dançavam, rebolavam, refestelavam-se fazendo o possível e o impossível para chamar a atenção de todos os circundantes das mesas vizinhas. Até aí, nada contra. Proposta mais do que incensurável, democrática, para não dizer saudável diante das peculiaridades do local, não fosse pelo fato de que uma das vacas em questão, ainda que com milhões de bois-singles ao redor, resolvesse de forma mais do que acintosa, encarnar e azarar o “meu” próprio boi, ignorando de forma absolutamente desafiadora a minha presença e a do nosso novilho precoce.

Juro. Na hora, data e local do ocorrido, não vislumbrei qualquer correspondência ao afrontoso e mais do que direto assédio visual da vaca-louca trangressora, de parte de meu boi. Mas ele por evidente, ciente da “constrangedora” situação, procurou esboçar naturalidade. Naturalidade esta apenas desmascarada, por aquele típico e cínico sorrisinho amarelo que usualmente detém os bois, quando se sentem agradando ao sexo oposto ou às outras vacas de plantão.

Mas como a vaca insistia descaradamente em “secar” meu boi, o confronto então, entre as duas vacas, se mostrou mais do que inevitável e primordial. Resolvi então adotar a atitude de encarar a descompassada da vaca, para não dizer outra coisa, com a serenidade e a classe exigíveis, mas com um insidioso medo de perde-la a qualquer momento. (Lembrava da perereca Lady e seus inconfundíveis verbetes: - Salto alto nelas, phyna de Milano, CLASSE RULES, você não é, nem nunca foi, uma vaca-barraqueira!) Por azar eu ainda estava de “rasteirinhas”, sem salto, a pedido do maridão! Insano boi, rasteirinhas só na praia, mulher!!!

Respirei fundo, e me contive, sempre repetindo para mim mesma: CLASSE RULES, CLASSE RULES!

Permanecemos então, assim, eu e a vaca, por uma boa e prolongada meia-hora esboçando sorrisos cínicos uma para a outra a cada “secada” no boi, que a essas alturas já se encontrava bege e um pouco desconfortável, limitando-se a me pedir calma e espírito esportivo ! Afinal era um ambiente de Carnaval - Hrummmmmmmmm !!! - balbuciei...

Mas a vaca insistia e ousava sustentar irredutivelmente o olhar para a nossa mesa, agora mais ostensivamente para a minha pessoa, que por instantes cheguei a pensar se o “negócio” da vaca pudesse vir a ser outro... Uma outra vaca, quem sabe ... EU HEM???

Mas meu instinto bovino de sobrevivência não me enganou: Seu target, era de fato, o meu boi, o que achei um absurdo, pela insistência da vaca, que permanecia incólume em seu proposital assédio ocular, mesmo não encontrando qualquer correspondência de parte de meu boi.

Esse coitado, suava, e acho que quase nem respirava, pela inenarrável tensão que certamente havia se instaurado no ambiente!

Afinal ali estávamos em família, de forma tranqüila e serena com o objetivo de espairecer e nos divertir, sem a menor intenção de azarar ou sermos azarados, por quem quer que fosse! Pela lógica, não fossem essas nossas reais intenções, não seguiríamos juntos para o tal boteco, ainda mais com o bezerro a tiracolo!

Eis que então, eu e a tal vaca, de forma súbita, fomos bruscamente interrompidas nesse duelo insano de troca de olhares cínicos, e já nem tão sutis assim, mas não menos raivosos, pelo salvador e retumbante eco da bateria da citada escola Rosas de Ouro, momento em que a vaca mais do que nojenta, se dispersou rebolativamente, desistindo de vez, de seu malogrado assédio bovino a um boi acompanhado de mulher e filho!

Agora me digam: Porque uma vaca dessas, com trezentos bois disponíveis ao seu redor, e certamente dispostos a muito amor para dar, age de uma maneira dessas? Por instinto de provocação, por vislumbrar sedução e adrenalina, em viver perigosamente, ou pelo simples exercício da livre concorrência sem o mínimo de ética? Ah! Já sei! Quem sabe pensando psicologicamente de uma forma mais profunda, talvez por aspiração a idílica e alegre cena familiar traduzida por um casal e seu filho, em momentos de descontração?

Pois em qualquer das hipóteses acima elencadas, não vislumbro qualquer lucidez bovina feminina aceitável, e, se este é agora o comportamento-padrão das vacas-singles, em ambientes mais descontraídos, só parafraseando mesmo os FUNKEIROS DE PLANTÃO, com seu conhecido refrão: “Elas estão mesmo ... DESESPERADAS! Ou então quem sabe os bovinos-singles atuais estão no mínimo, mandando muito mal!

FINAL DO EPISÓDIO: Meu boi saiu do bar da Brahma, de fato muito alegre, e certamente com ego bovino nas alturas, afinal foi literalmente disputado olho por olho por duas vacas...

Mas como simplesmente não consigo ficar por baixo, a coisa comigo não funcionou de forma muito diferente não... Assédio por assédio, quando o bovino-pai e bezerro-filho se dirigiram ao banheiro, fui polida e educadamente “Parabenizada” por alguns bois estranhos, pelo meu mais recente bronzeado! Portanto, EMPATE TÉCNICO, queridos!

EM TEMPO: Tal qual sugerido pela AP, diante das atuais circunstâncias, se faz mais do que necessário e urgente à elaboração de um Código de Ética Bovino, especialmente para esses tipos de VACAS, que cá entre nós, com louvor carregam a alcunha de VACABUNDAS!

15 Comentários:

Blogger MH disse...

Nossa voltou com a corda toda. Amei. E amei sua visitinha tambem.Quer saber minha opinião: nesse momento, o codigo de etica e simples: se a vaca olhou mais do que duas vezes para um bom, com sua vaca e bezerrinho por perto, a VACABUNDA merce levar um prato de feijoada na cabeça. Inaceitavel.

30 de janeiro de 2008 às 10:09  
Blogger Beth disse...

Antes de sacacotear no carnaval, passei por aqui para deixar mil beijinhos!

Pois é...QUE VACONA ESSA HEIM?
dia desses fui na Beija-Flor de Nilopolis e aconteceu o mesmo - mas eram 3 calças da gang disputando o bofe! Mas antes que o ego dele inflasse, me mandei com o meu micro-vestido (que ainda posso usar) para o meio salão e fiquei sambando até o olho dele entortar.
Vixi!! e ainda veio tagarelando no meu ouvido o tamanho do meu vestidinho e mandando me comportar. Mas homem é f...!!! A-do-ra e ainda acha graça!! Eu também a-do-ro e acho tanta graça que até me divirto com minha visão periférica!

Beijos Curral!!
Bom carnaval e sem estress...estress dá rugas e envelhece a cutis!!!
E se beberem, não dirijam. Se dirigirem, não bebam...mas beijem muuuuuuuuuuiiiiiiito!!!

30 de janeiro de 2008 às 10:18  
Blogger Ana Paula disse...

Querida amiga... Não aprendeu ainda? Vacas, por instinto de preservação da espécie, adoram homens casados, que usam aliança, que assumem compromisso e que têm filhos... É pq está escrito PROVEDOR na testa deles (e eventualmente, uns que caem na armadilha delas, ganham um "Corno" beeeem grande na testa, também). Mulheres assim farejam provedores a quilômetros. Não importa se estão acompanhados, se são lindos de matar ou feios de doer, se são chatos ou bacanas... O que importa é ser homem e provedor, minha filha.

Por que acha que há tantas vacas especializadas em terminar namoros, casamentos e relacionamentos alheios afins? Apenas por que querem um homem provedor pra chamar de seu...

Beijos!

30 de janeiro de 2008 às 10:22  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa... Você deve ser um mulherão, muito bonitona e gostosona. Sempre com a auto-estima em alta. Sempre se achando por cima da situação... Sempre sendo assediada, em todos os postings.

Seu boi também deve ser um homão, porque sempre tem uma mulher dando em cima dele...

Casais assim nos deixam, pobres mortais, mortos de inveja...

Enfim... Beijos e bom caranaval.

30 de janeiro de 2008 às 10:32  
Blogger DM disse...

MH - Como não tinha pensado nisso?
Tacar o prato de feijão na cabeça da infeliz? But... CLASSE RULES, é o lema de vacas sérias como nós!
Adoro seu blog também !!!

Beth - Vaquérrima te visitei ontem para matar as saudades, e adorei o Manual ao estilo Glorinha Kalil, sobre Educação na hora do sexo, vale a pena conferir, só não postei comentário, porque tudo mudou por lá, tem umas carinhas novas, tem de clicar nelas? Quando tiver um tempinho, ensina essa pobre vaca a refratária a falar por lá !!! Beijos também amo Carnaval !!!

AP: Conheço sua tese com profundidade, sobre a sedução que BOIS com pinta de PROVEDORES exercem sobre a maioria das VACAS ! Mas ... em tempos de igualdade de sexos, no mundo corporativo e laboral, como podem essas vacas advinharem quem é o verdadeiro ou a verdadeira PROVEDOR(A) do casal???? Em muitos casos, as aparências enganam !!! Minha tese preferencial a respeito do tema, é que isso tipo de vaca, gosta mesmo de viver perigosamente e tem um prazer doentio em atazanar a vida dos outros... Só que invariavelmente elas se dão mal !!!!

INVEJOSA BRANDA - Ainda bem que é branda, pois só aceito INVEJA BRANCA ...By the way, estou longe de ser um "mulherão", só tenho 1,64de altura, a Vaca AP, tá muito mais prá mulherão do que eu HÁ HÁ HÁ, meu boi está longe de ser um Brad Pitt, mas sim temos graças a Deus, uma auto-estima bastante resolvida... Agora meu pimpolho, É LÍNDISSIMO ... HÁ este sim vai horrorizar a mulherada, as novilhas de hoje, futuras VACAS, que se cuidem!!!! (Pequeno surto de Vaca-tipo-coruja)!!!

Bom carnaval prá você também ! Beijos

30 de janeiro de 2008 às 12:48  
Blogger Gustavo Martins disse...

Somos novos por aqui, ok? Parabéns pelo talento com as palavras! Você é uma vaca de estirpe. Então, nós aqui do nosso ponto de vista anti-maniqueísta, já estivemos na posição do boi mandado em questão, e analisando o assunto, chegamos à seguinte conclusão: a vacabunda em questão assediou visualmente seu boi de estimação porque ele, acompanhado de vaca e filho, não oferece ameaça. Ela pode olhar à vontade que ele não vai avançar. Porque se ela fizesse o mesmo para qualquer boi solteiro do local, ela acabaria sendo assediada. E muitas vezes a vaca pratica uma espécie de auto-sabotagem relacional. Quer se exibir, quer "brincar", mas não quer que a coisa se realize. Faz sentido?

Visite a gente, tá? E conta se gostou.

Mais uma vez, parabéns.

30 de janeiro de 2008 às 14:04  
Blogger Mavi disse...

Não sei se a explicação exata é ameaça, mas eu sei que esse negócio de ser assediado quando acompanhado existe... Penso eu que elas vêem o cara acompanhado como um bar cheio, ou seja, o que ele tem de bom? E, em contrapartida, vêem os singles como bares vazios, não tem graça...

30 de janeiro de 2008 às 16:19  
Blogger André Maciel disse...

Perai ... não entendi ... nem pecuarista leva um boi a um bar ...
Que raios de bar é esse que tá cheio de bois e vacas ...

30 de janeiro de 2008 às 17:15  
Blogger André Maciel disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

30 de janeiro de 2008 às 17:15  
Blogger André Maciel disse...

aaaahhhhhhhhh!!!! dãã

30 de janeiro de 2008 às 17:17  
Anonymous Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk
Vacabundas não frequentam currais, essas... descem logo pro xiqueiro, kkkk...

30 de janeiro de 2008 às 20:52  
Anonymous Anônimo disse...

a grama da vizinha é mais verde uai!

31 de janeiro de 2008 às 02:09  
Blogger DrFox disse...

DM querida,

Tentei postar ontem mas o blogger tava floder! rsrs

Santa inocência vaquística!!!!

Acompanhe comigo: Bar Brahma, sabadão, pagodão/sambão, gringo e um monte de Vacabundas profissionais.

É cara DM, de familiar ali só a reputação passada, não passa de mais um point do turismo sexual que ronda nossa cidade motriz.

No mínimo a Vacréia (vaca-mocréia) deve ter pensado alguma besteira na linha dos 'trois'.

Ambiente familiar e com feijoada da boa, melhor ir no Rubayat, lá garanto encontrará vacas "Milano style".

Bjs

31 de janeiro de 2008 às 19:36  
Anonymous Anônimo disse...

Querida DM, esta perplexa porque????
Como vc mesma se denomina VACA, o que esperar de suas parceiras???
Vc ficou puta, porque obviamente já fez isso por diversas vezes e gostava. Sua alto-estima é tão baixa, que nem vc mesma acreditou no seu "bronzeado", mas precisou frizar para todos aqui, que foi "Parabenizada", se gabando do suposto empate técnico. Se tem o mínimo de confiança em vc, deixaria a suposta vaca rebolando para seu literalmente boí com tranquilidade, pois sabe que só vc rebola nele.
E ainda mais...........se fosse um minimo mulher, postaria esse comentário, pois é fácil contar essas historinhas e ouvir o que quer.
Um grande beijo "Donna"

7 de fevereiro de 2008 às 00:38  
Blogger Murdock disse...

Eu costumo dizer que o melhor adorno que um homem pode usar para chamar a atenção das mulheres é outra mulher.
Não sei se pra poder dizer depois que o namorado de outra deu mole pra ela ou se, por estar acompanhado, o cara pode ter algo de interessante (tipo, o que ele tem que ela está com ele?) mas é um fato. Quando estamos acompanhados, recebemos muito mais olhares do que sozinhos.

13 de fevereiro de 2008 às 13:46  

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